Por Wagner Martin, VP de Desenvolvimento de Negócios da Veritran

O interesse em informações sobre o Open Banking e o Pix no Brasil não para de crescer. A implementação do sistema financeiro aberto está ocorrendo por etapas e, com o início da terceira fase em 29 de outubro, abriu-se um leque de oportunidades para os usuários aproveitarem as vantagens e facilidades desse sistema. Porém, como o compartilhamento de informações bancárias é o pilar que sustenta a ideia do Open Banking, o usuário precisará ficar muito atento com o uso de seus dados para decidir compartilhá-los com outras instituições regulamentadas pelo Banco Central do Brasil (BCB).

Durante a terceira fase, os usuários passaram a não precisar mais entrar no aplicativo do seu banco para fazer um Pix, por exemplo. Ou seja, ao fazer uma compra on-line, o consumidor não precisa mais copiar os dados de pagamento da loja, sair da plataforma e acessar o aplicativo do seu banco para enviar um Pix e concluir a transação. Assim, as compras digitais tendem a acontecer de forma mais acelerada, permitindo que os consumidores deixem suas contas e dados salvos nos sites de compras pela internet, com o próprio site responsável por autorizar o pagamento.

A ideia é que o cliente possa ter conta em um banco X, ter um cartão de crédito do banco Y e contratar um empréstimo com o banco Z, por exemplo, sem que para isso tenha de encarar a burocracia de preencher os mesmos cadastros em diferentes instituições, nem tenha de conferir diferentes aplicativos de todos esses bancos para conciliar sua vida financeira, diminuindo, assim, a fricção da experiência de compra.

No entanto, o usuário precisa ficar atento para ter o controle de todos os seus dados, já que ele será o dono de todas as informações financeiras (e não mais o banco). Caberá ao consumidor decidir se quer compartilhá-las (no todo ou em parte) com outras instituições financeiras e de que forma isso será feito.

Agregadores e gerenciadores

Para lidar com toda a quantidade de dados e informações financeiras de diferentes instituições e aplicativos, será preciso fazer uso de plataformas chamadas agregadores e gerenciadores. Assim, o consumidor pode centralizar todas as contas, fazer pagamentos e gerenciar os saldos e investimentos mesmo que os produtos sejam de bancos diferentes. Num agregador é possível ter todas as informações em um só lugar, gerenciando quais dados você quer compartilhar com quais instituições e mesmo transferir valores de um banco para outro de forma rápida e sem complicação.

A ferramenta, inclusive, deve oferecer ainda uma espécie de cardápio personalizado com linhas de crédito, possiblidade de aquisição de seguros, contratação de apólices e empréstimos, realização de aplicações e investimentos, operações de câmbio e várias outras modalidades financeiras, tudo com iniciação fora do aplicativo do banco. As possibilidades são infinitas!

Uma vez que o banco agora passa a ser obrigado a compartilhar os dados autorizados pelo cliente, agregadores e plataformas de instituições menores podem virar centralizadores financeiros que funcionem também como um grande market place online, abrindo oportunidades para exploração de produtos de parceiros.

Já existem agregadores disponíveis que conectam todas as contas do usuário e permitem controle das finanças e outros que permitem fazer cotações de crédito em diferentes instituições parceiras. A tendência é que o sistema aberto potencialize esses serviços e amplie mais ainda a oferta ao consumidor, já que o Open Banking está aí para estimular a concorrência.

O futuro

O sucesso do Pix – sistema de pagamento instantâneo lançado em novembro de 2020 no Brasil – mostra que o brasileiro está aberto a inovação. Os números são prova: são 348,1 milhões de chaves cadastradas, de acordo com dados de outubro do Banco Central (sendo que 6,4 milhões são de CNPJs), um crescimento explosivo. A ótima aceitação do serviço ganhou recentemente mais dois aliados: Pix Saque e Pix Troco, modalidades que, segundo especialistas, podem aumentar o fluxo de clientes no comércio, além de reduzir os custos de armazenagem e de transporte de cédulas, tornando as transações eletrônicas e físicas mais seguras.

Contudo, o Open Banking pode enfrentar um pouco mais de resistência. Diferentemente do Pix, que funciona dentro do aplicativo da instituição financeira de preferência do cliente, o sistema aberto requer mais atenção e cuidado, já que o consumidor passará a compartilhar os dados bancários com outras instituições que não são as habituais, podendo gerar uma desconfiança e demandando maior adaptação no início.

Essa possibilidade de realizar transações instantâneas em ambiente aberto, como acontece agora com o Pix, também irá valer para o resto, como as operações com DOC e TED, mais comuns aos correntistas. Agora em dezembro iniciou-se a implementação da quarta e última fase do Open Banking e a previsão é que em 2022 se iniciem os pagamentos com TED e transferência entre contas na mesma instituição, com pagamento de boletos e possibilidade de parcelamentos vindo na sequência. Enquanto isso é bom aproveitar esse tempo para se familiarizar com as novas modalidades de transações financeiras e, o mais importante, aprender como proteger melhor seus dados financeiros.