Eles já estão entre nós. Inteligência artificial, internet das coisas, robôs criados com expressões faciais quase humanas e multitarefas. O que mais vem por aí?

Pode ser que hoje você esteja buscando uma nova oportunidade no mercado de trabalho ou talvez uma posição melhor, mais estratégica. Enfim, não importa em qual contexto você está agora, o que importa é saber que o mercado está em plena mutação e precisamos estar atentos a esses movimentos.

Em vez de especular, decidi ser ativa, e comecei a estudar todos os contornos dessa realidade na primeira formação da América Latina sobre O Futuro do Trabalho.

A revolução tecnológica vivida nos últimos anos trouxe para o mercado profissional um novo cenário. Muito se fala sobre as novas tecnologias como Internet das Coisas, Big Data, Manufatura Aditiva, Robótica Colaborativa, entre outros. É uma realidade que está se tornando cada vez mais popularizada no mundo dos negócios.

O Brasil, como o resto da América Latina, está alguns anos atrás da fronteira dessas tendências, mas o futuro é inevitável.

Só para se ter uma ideia, estudos apontam que 65% das crianças que entram hoje no ensino fundamental irão trabalhar em uma função completamente nova no futuro, que não existe atualmente.

As novas tecnologias, a economia disruptiva e a quarta revolução industrial estão impactando diretamente as relações e a força de trabalho. A maioria das discussões sobre o futuro do trabalho se concentra na implementação da Inteligência Artificial e da robótica para redução de custos e automatização das tarefas. Resistentes ou não, dominados ou não, é impossível não se ver integrado à era digital.

Pesquisa revela as ocupações com maior ou menor grau de risco de serem substituídas

Carl Frey e Michael Osborne, professores da Universidade de Oxford, avaliaram tarefas cotidianas de mais de 700 ocupações, para identificar o que uma máquina poderá fazer melhor que os humanos nas próximas duas décadas. Eles chegaram a um índice que varia entre 0 (nenhum risco de substituição) e 100% (risco total). Nesse link você consegue pesquisar as profissões com maior risco de automação.

Frey, afirma que as máquinas são menos capazes de superar características humanas como percepção, inteligência social e criatividade. “Quanto mais uma profissão demandar essas três características, menos exposta estará à automação – e menos sujeita a um possível esvaziamento de perspectivas.”

Atividades que demandam alta quantidade de dados, repetição e busca por padrões serão as mais ameaçadas pelas novas tecnologias.

O certo é que a interação entre humanos e robôs vai se tornar tão natural quanto a interação entre humanos. O que traz para o debate aspectos positivos e negativos, acertos e erros, lado bom e ruim.

Gig Economy e as novas relações de trabalho

O termo Gig é um jargão do Jazz, usado para definir um compromisso quando os músicos são contratados para uma apresentação específica.

A Gig Economy, também chamada de economia freelancer ou sob demanda, é o resultado da flexibilização do mercado de trabalho diante da era digital. O termo também reflete o surgimento de plataformas como o Uber, que contratam profissionais sob demanda para atividades específicas e de curta duração.

O contrato de tempo integral dá cada vez mais espaço aos modelos mais flexíveis de terceirização, serviços temporários, consultorias e contratações por demanda. Não se pode fechar os olhos para essa realidade, por mais perversa que seja.

Mas na mesma medida em que máquinas assumem tarefas repetitivas e operacionais, a expectativa em relação ao desempenho das pessoas em atividades estratégicas aumenta, assim como a demanda por profissionais mais preparados para tomar decisões em cenários complexos e voláteis.

O novo Profissional

Como acompanhar essas mudanças e continuar relevante no mercado de trabalho?

Primeiro passo é perceber que as mudanças estão acontecendo e caminhar lado a lado. Não temos como entender para onde estamos indo sem conhecer esse cenário completo de transformações que podem afetar as nossas vidas.

Tudo que é novo e inovador causa estranhamento, resistência, certo medo e ansiedade.

A Educação tem papel fundamental para que nós, seres humanos, possamos desenvolver nossa capacidade criativa de lidar com imprevistos, pois as máquinas não se adaptam a ambientes sujeitos a mudanças. Cada vez mais as profissões vão precisar de um nível de inteligência criativa para serem relevantes no futuro.

Mas não se engane. Não espere que a escola, faculdade ou governo possa fazer isso por você. É chegada a hora de ser protagonista do seu desenvolvimento. É o eterno aprender, desaprender, reaprender.

Segundo um estudo da Affero Lab, a competência descrita como “resolução de problemas complexos”, que ficou em 1º lugar em termos de escassez na avaliação dos empregadores brasileiros, também foi considerada a mais importante para os profissionais de hoje e dos próximos cinco anos, segundo o Fórum Econômico Mundial.

Baseada nessas habilidades pode-se inferir que o que vai existir é a criação de novas atividades menos centradas nas tarefas e mais focadas nas habilidades que o profissional agrega para o trabalho.

Num contexto pessoal, inteligência social, adaptabilidade, criatividade, inovação e a Lifelong Learning (aprendizagem constante) ganham força.

O autoconhecimento – que sempre foi necessário – agora é essencial já que a revolução que vivemos não é só digital, mas também comportamental. Não pense que as mudanças ainda estão fora da sua realidade. A nova era está caminhando a passos largos e ganhando cada vez mais destaque.

Não é ficção, nem futurologia. A robotização e a inteligência artificial são uma realidade e só tendem a evoluir. E não é questão de escolha. No entanto, não acredito em afirmações tão fortes de homem versus máquina. Existe espaço para os dois!

 

Michelle Navarro Lins

Consultora & Mentora de Carreira e Analista Comportamental DISC