A pandemia de Covid-19 trouxe à tona a preocupação de fabricantes e consumidores com a contaminação que pode ocorrer em processos produtivos de alimentos, bebidas e medicamentos. Com normas e padrões rígidos de produção, as indústrias alimentícia, farmacêutica e química têm buscado alternativas para aumentar ainda mais os cuidados já existentes. Além das medidas de controle de engenharia de segurança, controles administrativos e práticas de segurança do trabalho já adotadas, o supervisor de vendas do setor Industrial IoT e Indústria 4.0 da Advantech, Guilherme Torres alerta para as mudanças que algumas companhias têm realizado no chão de fábrica, como a adoção de interfaces adequadas para áreas limpas, a automação de processos, a conectividade para análise de dados e rastreabilidade da produção.
“Em algumas indústrias, como a farmacêutica e alimentícia, já existem critérios rígidos de segurança para evitar contaminação cruzada, porque as áreas de qualidade e engenharia de produção e automação já conhecem os riscos existentes em caso de exposição de certas substâncias a partículas suspensas ou em caso de exposição prolongada de certos materiais ao ar. Já existem, por exemplo, regras específicas para setup de máquinas, com lavagens adequadas, e uso do aço inoxidável na composição das estruturas. O problema é que, em muitas situações, algumas fábricas não contam com computadores e interfaces adequados para esses ambientes nas estações de apontamento”, explica.
De acordo com Torres, algumas empresas antigas ou que estruturaram aos poucos as suas fábricas ainda utilizam telas e computadores comuns em suas linhas de produção, o que, de acordo com o especialista, pode representar um risco de contaminação cruzada, porque dificultam a limpeza adequada. “Equipamentos inadequados para essas áreas podem conter partículas contaminantes em seus cantos e fendas, e essas partículas podem eventualmente ficar em suspensão”, explica.
Segundo ele, atualmente existem linhas de Interfaces Homem-Máquina (IHMs) e monitores para áreas classificadas, e que foram pensados para minimizar o risco de sujeira. São feitos em aço inoxidável, com conectores M12, o que significa que o usuário não terá contato com a parte eletrônica. Como são totalmente vedados, permitem a lavagem e higienização completa sem diminuição do tempo de vida útil do produto. Alguns desses equipamentos podem suportar temperaturas extremas, jatos de água de alta pressão, imersão, trepidação etc. Há também tablets industriais para uso em área classificada, que permitem lavagem não só com água, mas também com outros produtos, como álcool e ácido clorídrico.
Rastreabilidade na produção
Até 2022, as indústrias farmacêuticas terão a obrigatoriedade de realizar a rastreabilidade de todos os medicamentos comercializados no Brasil, de acordo com a nova norma da Anvisa RDC 319. Com essa nova regra, as empresas já experimentam alterações em suas cadeias produtivas e logísticas, uma tendência que se estabelece também em outros setores. A rastreabilidade da produção faz também diferença na indústria alimentícia, que possui um ciclo produtivo curto e necessita de agilidade no processo até a chegada do produto ao consumidor final.
“A falta de rastreabilidade às vezes impede que a empresa perceba em tempo hábil uma possível contaminação de um lote inteiro. Com a coleta de dados, a empresa evita, por exemplo, que um grande lote com problemas chegue às prateleiras dos supermercados”, explica Torres.
De acordo com o especialista da Advantech, empresa líder em Indústria 4.0, a coleta de dados do chão de fábrica cria modelos matemáticos capazes de identificar falhas e problemas nos processos produtivos, possibilitando que a correção da falha seja realizada de forma eficiente, evitando maiores problemas e custos operacionais.
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