Por Samuel Vinícius dos Reis, Coordenador técnico do laboratório de Indústria 4.0 da Engineering
Os robôs colaborativos ou cobots estão revolucionando a indústria porque permitem trabalhar lado a lado com pessoas e em qualquer ambiente, resultando em uma interação segura entre o robô e os colaboradores. Um fato curioso é como esta novidade tem evoluído na América Latina. Segundo uma pesquisa divulgada pela IDC, os robôs industriais terão uma representatividade considerável no Brasil e no México, os dois maiores produtores da indústria na região.
Os cobots são construídos com materiais leves, possuem bordas arredondadas e limitações de velocidade e força geridas por sensores e software, por isso são considerados “colegas” de trabalho seguros, ao contrário dos robôs tradicionais, que são instalados em um espaço delimitado e equipados com sensores de acesso e sensores de presença. Para garantir a segurança, esse tipo de robô interrompe imediatamente qualquer movimento ao detectar a presença de uma pessoa no espaço de trabalho.
De acordo com a International Federetion of Robotics (IFR), a colaboração de robôs com pessoas pode ser classificada em níveis distintos e gradativos de segurança, sendo eles: coexistência, no qual não existe cerca entre o robô e as pessoas, mas o espaço de trabalho não é compartilhado; colaboração sequencial, cujo o espaço de trabalho é compartilhado e os movimentos são sequenciais; cooperação, que possui o espaço e o trabalho compartilhados e realizados ao mesmo tempo e, por fim, colaboração responsiva, no qual o robô responde em tempo real as movimentações das pessoas.
Fica claro que o principal viés dos cobots não é a substituição da mão de obra humana, mas sim a criação de um ambiente colaborativo entre robôs e colaboradores. Nessa nova organização, os robôs ficam responsáveis pelas atividades repetitivas, perigosas, não ergonômicas, inseguras ou que necessitam de um alto nível de precisão, enquanto os humanos atuam em atividades que demandam pensamento crítico e criativo.
Podemos elencar diversas aplicações de robôs colaborativos já existentes na indústria, como pegar, colocar, empacotar, paletizar, etiquetar, marcar, imprimir, aparafusar, soldar, inspecionar qualidade ou análise de imagem, e realizar testes em laboratório, entre outras.
Além da execução das atividades em si, a utilização dos robôs colaborativos pode trazer ganhos indiretos devido à possibilidade de integração com outras ferramentas, tanto em rotinas customizadas, como para obter informações em tempo real relacionadas ao tempo de ciclo, à contagem de peças, aos registros fotográficos e, de torque em caso de aparafusamento e dos parâmetros técnicos de uma solda e afins, entre outras.
Outra grande vantagem dos robôs colaborativos está na facilidade de instalação, que requer apenas uma base simples e uma tomada de 110V, o que facilita a adoção sem alteração considerável na planta existente. A facilidade de programação dos cobots de determinados fabricantes também é um outro ponto relevante que vem contribuindo para o crescimento da aplicação. Com isso, operadores sem vivência de programação podem ajustar a movimentação do robô para a realização de pequenos ajustes do processo sem a necessidade intervenção especializada.
Calcular de forma precisa o retorno sobre o investimento (ROI) é uma parte crítica do processo de decisão de aplicação de robôs colaborativos. Além da economia de mão de obra em atividades repetitivas, a disponibilidade em mais de um turno de trabalho e o nível de rendimento do robô, também deve ser levado em conta a redução de desperdício de material, a redução de retrabalho e o aumento da qualidade na execução.
A robótica colaborativa é uma ferramenta poderosa capaz de trazer ganhos tangíveis como maior produtividade, aumento na qualidade, redução de custos, assim como ganhos intangíveis, que elevam o nível de saúde e segurança dos trabalhadores na indústria.
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