Por Ricardo Fioravanti, CEO da FX Data Intelligence,
A grande maioria das pessoas conhece aquela velha brincadeira em que a criança precisa achar algo escondido conforme as dicas de estar “quente” (perto) ou “frio” (longe). A operação do varejo está longe de ser algo simples e lúdico, como as atividades infantis, mas também pode se beneficiar da descoberta de áreas mais quentes e frias do estabelecimento comercial. Indicador que há pouco tempo existia apenas na teoria, o mapa de calor proporciona diferentes insights para o lojista, permitindo que ele possa tomar melhores decisões e, consequentemente, aumentar suas vendas.
A análise da movimentação dos consumidores dentro do estabelecimento, indicando lugares com maior propensão à visita, é resultado do movimento de transformação digital que o setor está enfrentando atualmente. É um cenário que começou bem antes da pandemia de covid-19, mas que se acelerou com a chegada do novo coronavírus em 2020. A terceira edição do estudo Transformação Digital no Varejo Brasileiro, realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em parceria com o Oasis Lab Innovation Space, mostra que o investimento nessas tecnologias de digitalização cresceu 87% no último ano. São ferramentas que melhoram a experiência do consumidor e auxiliam na tomada de decisão.
De forma objetiva, podemos entender o mapa de calor no varejo como um indicador que mostra os locais mais frequentados pelos consumidores na loja física, definindo as áreas mais quentes (ou seja, com maior fluxo de visitantes). Sua função é bem simples: auxiliar o varejista a conhecer a jornada de compra do seu cliente dentro do estabelecimento, possibilitando o entendimento das preferências de consumo e, claro, como aproveitar mais a visita das pessoas. Evidentemente, isso aumenta a influência do empresário sobre a decisão de compra, permitindo que ele organize os produtos conforme os espaços mais relevantes de acordo com as informações coletadas.
Essa praticidade se tornou possível com o avanço da tecnologia voltada ao setor. Por meio de soluções baseadas em inteligência artificial e visão computacional, é possível “seguir” as pessoas na loja, coletando informações extremamente relevantes a que o varejista não tinha acesso anteriormente. Assim, estratégias antes voltadas exclusivamente ao comércio eletrônico passam a ser adotadas também no varejo físico. Entre elas, a possibilidade de identificar pontos de ineficiência, descobrir as preferências do consumidor, melhorar a experiência de compra e tomar decisões baseadas em dados – sempre com o intuito de aumentar a conversão e o faturamento.
Identificar essas oportunidades é questão altamente estratégica para qualquer varejista atualmente. O mercado como um todo está passando por uma digitalização acelerada por conta da pandemia, o que leva à ressignificação da loja física. Abrir as portas e esperar as pessoas entrarem e comprarem não funciona mais. É necessário ter métricas que possibilitam uma real visão do que acontece no estabelecimento e gestão integrada com os demais canais de contato com o cliente, como e-commerce, redes sociais, entre outras ferramentas.
Hoje, os consumidores já estão conectados. Com um simples smartphone, é possível pesquisar, comparar, comprar, entregar e por aí vai! Mas a verdadeira mudança não é de ordem tecnológica. No fim, o que a pessoa quer é atenção, atendimento e satisfação de suas necessidades. A simples caminhada dela pela loja já deixa um rastro de informações que, com a solução adequada, é capturada e transformada em insights e oportunidades para as marcas. O mapa de calor é um grande exemplo, mostrando de forma clara essa movimentação. Quem não dedicar atenção para desvendar a jornada e a verdadeira razão de compra dos seus clientes dificilmente sobreviverá em um mercado cada vez mais competitivo.
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