Por Bruno Rezende, CEO da 4intelligence
A influência dos dados na estratégia de qualquer negócio é tão grande que não chega a ser exagero dizer que poucas empresas sobreviveriam sem eles. A análise rápida – e adequada – de informações é fator de sucesso na tomada de decisão. O segredo é conseguir fazer isso em um cenário de crescimento exponencial dos dados no ambiente corporativo. Ao mesmo tempo que tudo pode ser reduzido a métricas, processar essa grande quantidade exige o apoio da tecnologia. Todos os departamentos passam por isso, mas um deles em especial necessita desse auxílio: a gestão de compras. Não à toa, soluções de inteligência artificial começam a ganhar espaço entre os profissionais da área.
É uma necessidade altamente estratégica (e cada vez mais importante) para a digitalização do processo de compras das corporações. O estudo Agile Procurement Insights, conduzido pela empresa SAP em parceria com a Oxford Economics, indica que praticamente a metade dos gestores de compras (49%) ainda analisa dados manualmente para ajudar na tomada de decisão. Um número elevado demais diante das ferramentas existentes. Para piorar, pouco menos de um quarto dos executivos (23%) admite que tem uma visão automática e em tempo real das despesas.
A pesquisa apenas reforça uma percepção existente no mercado: as soluções de inteligência artificial podem ocupar um amplo espaço de participação no setor de compras. Nesse caso, o melhor é realmente utilizar o termo no plural. Não é apenas uma ou outra ferramenta, mas todo um conjunto de recursos inspirados no conceito de IA que, quando combinados, conseguem automatizar a análise de informações e melhorar a produtividade do setor. Eles representam diferentes oportunidades, permitindo que as empresas enxerguem detalhes que, até então, passavam despercebidos.
O principal benefício que essas tecnologias têm a oferecer é justamente a capacidade de trabalhar com um volume gigantesco de dados de forma bem simples e rápida. Se pensarmos na quantidade de informações que o setor de compras encara diariamente, como cotações, preços, condições de frete, pagamentos, entre outras questões, chega a ser surpreendente que muitas organizações ainda realizam essas análises de forma manual. Além de demandar um tempo muito maior, há também o risco de falhas humanas prejudicarem a elaboração de insights a partir do cruzamento de dados. Em suma: é mais rápido, mais barato e mais eficiente contar com o apoio da inteligência artificial.
Evidentemente que essas vantagens não ocorrem de um dia para o outro – ainda mais em um setor bastante tradicional. Há alguns desafios que a inteligência artificial ainda enfrenta para conquistar seu espaço na área de compras das empresas. Dois deles são os mais importantes. O primeiro é evidenciar o ganho de tempo e de dinheiro que as melhores ferramentas podem proporcionar, reduzindo riscos e melhorando a eficiência. Parece simples, mas em muitos casos é preciso mostrar na prática para os gestores. Isso leva ao segundo ponto: a própria cultura organizacional. É fundamental que o local assimile e desenvolva uma visão orientada aos dados e às ferramentas digitais.
Em um cenário de intensa aceleração digital, com várias empresas mudando e reformulando seus processos para abarcar as melhores ferramentas, é fundamental garantir que todas as áreas da empresa estejam alinhadas quando o assunto é tecnologia. Se não há negócios sem o cruzamento de um grande volume de dados, o departamento de compras precisa dar esse próximo passo e modernizar de vez sua estrutura e sua operação com soluções de inteligência artificial. Quando isso acontecer, comprar os insumos necessários para o funcionamento da empresa deixará de ser algo complexo e se tornará, de vez, uma questão estratégica para o crescimento.
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