No início do mês de julho, José Roberto Lazari, CEO da SML Brasil, aceitou nosso convite para compor o quadro diretivo da ABEINFO. O profissional chega à Associação em momento de grande transformação do grupo e em meio à pandemia.

Temos certeza de que a participação e contribuição de um dos pioneiros do nosso mercado de transformação digital, será de grande importância para que a ABEINFO se consolide, cada vez mais, como uma Associação que represente os interesses de empresas e profissionais do mercado de gestão da informação.

Conversamos com José Roberto Lazari sobre carreira profissional, ferramentas de gestão de documentos, ABEINFO e os impactos da COVID, tanto profissional e as empresas, quanto na sua vida profissional.

Seja bem vindo José Roberto Lazari, poderia contar para nós um pouco de sua carreira?
Em 1995 a com minha saída do antigo Multiplic me juntei a outros dois colegas do banco, já na SML, para levar para o mercado as tecnologias aplicadas em um projeto no banco. Na época era novidade conhecida como Document Imaging e Workflow. Foi uma fase incrível, pois tudo era novo, tínhamos que aprender e ensinar, criar um mercado que absolutamente não existia. Foi também muito desafiador, pois havia tecnologia, faltava benchmark, tudo era cotado no dólar.

Iniciamos representando uma empresa americana Optika Inc (que foi adquirida pela Stellent e essa pela Oracle) e aos poucos fomos tendo sucesso. Num determinado momento nós sócios da SML, entendemos que era preciso investir para construir uma plataforma nacional, ter a propriedade intelectual, sem pressão da flutuação de moedas estrangeiras e que pudesse ser adotada por empresas de diversos portes. E com base em todo o aprendizado surgiu primeiro o Converge que evoluiu para e-Content e atualmente Plataforma Orquestra que automatiza processos de negócios e seus documentos, inclusive, assinados eletronicamente.

Uma pesquisa divulgada ano passado pela AIIM confirmou o crescimento mundial da tecnologia ECM e GED, no qual 89% das empresas aderiram ao método. Aqui no Brasil, esse número é de 72%. A legislação brasileira ainda é um dos grandes entraves para essa diferença?
Já foi muito mais. É importante que leis sejam amplas, longevas, simples, claras e bem definidas. Que sejam factíveis, não deixem dúvidas e que respondam objetivamente o que é preciso fazer para aplicá-la. Entendo que temos reais oportunidades para evolução.

Por outro lado, é do ser humano lidar com desafios a vida toda e será assim. Os negócios precisam fluir e, sem ferir leis, empresas e pessoas acabam encontrando maneiras de fazer o que precisam para tocar em frente.

Além dos números apresentados, qual a evolução sentiu na última década no Brasil para a utilização de ferramentas de gestão de documentos?
A vida das pessoas está cada dia mais digital. Isso começa já em casa. Eu ensinei meus pais com 80 anos a usar celular, imagine os jovens, cuja referência é digital, que entram para o mercado de trabalho. Resistências envelhecem e não sobrevivem à concorrência.

Sim, a evolução é constante, a informação contida no papel seguia para o digital via scanner, atualmente a informação nasce digital e dificilmente sai desse meio.

Tínhamos o e-mail, hoje temos os aplicativos de mensagens, plataformas virtuais de reunião, webinares ao vivo e gravados, plataformas de EAD e uma infinidade de meios para transitar, compartilhar e captar informação.

Quais os desafios do nosso setor nesse momento da COVID19?
Em primeiro lugar, é preciso considerar tudo na vida tem impactos diferentes sob ângulos diferentes. Mesmo nessa pandemia, tem empresas que perderam 100% do seu faturamento e outras aumentaram. Assim como nossos antepassados arriscavam a vida por um bife de mamute, hoje temos o vírus da vez, o isolamento, e assim por diante. Estamos nessa vida que é uma Jornada.

O desafio para pessoas e empresas é o de achar caminhos para fazer negócios com base no cenário do momento. Há alguns anos, nós da SML fazíamos eventos para falar sobre o impacto e a importância da transformação digital para pessoas e empresas. Olhando para o hoje, um vírus foi muito mais efetivo.

Eu diria que o maior aprendizado é o da adaptação, do aprender-desaprender-reaprender. E o mais importante, seja digital e seja rápido para executar.

E qual o impacto pessoal na vida do José Roberto?
Tenho muito a agradecer, pois acabei de ser avô, meus entes queridos incluindo família, parentes, amigos, colaboradores, que estão passando relativamente bem. Por outro lado, houve impactos na vida social, financeira, pessoas que perderam seus empregos, tiveram seus rendimentos reduzidos, tiveram o vírus e saíram dele.

Quais os planos para a ABEINFO?
Minha visão pessoal está baseada em um mundo digital e conectado onde empresas e pessoas realizam transações via processos inteligentes e seguros, resultando em vantagens competitivas, melhores serviços e lucratividade para toda a sociedade. Com essa missão, dedico meu foco a ajudar as empresas a executar seus processos de negócios com maior eficácia, refletindo maior competitividade, redução de custos e aumento de margens.

Como todos puderam perceber, meu foco será, junto com outros talentos do mercado, ajudar a sociedade evoluir no mundo digital.

Na pesquisa sobre os efeitos da Covid, realizada pela ABEINFO, com associados e parceiros, a maioria pede Associação ainda mais presente. Qual a sua opinião?
Uma associação precisa entender as dores do seu público e buscar ajudar a resolvê-las. Um dos objetivos da Associação é, justamente, criar programas de capacitação de profissionais, pois nosso segmento é carente de pessoas qualificadas e, na maioria das vezes, cabe às próprias empresas ter que qualificar profissionais para atender suas necessidades. Vejo exemplo da AIIM que desenvolve vários programas de capacitação, inclusive alguns deles já disponíveis aqui no Brasil e esperamos que a ABEINFO possa cumprir esse papel e ser um centro de referência em treinamentos, além de compilar e compartilhar informações sobre nosso segmento, hoje praticamente inexistentes.