O empreendedorismo feminino no Brasil é promissor. Quase metade dos pequenos negócios no país são hoje liderados por mulheres, segundo dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME). O contingente ultrapassa 30 milhões, em um universo de 52 milhões de empreendedores, conforme os dados do Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), principal pesquisa sobre empreendedorismo do mundo, feita em parceria com o Sebrae.
Atualmente, mais de 40% das empreendedoras sustentam suas famílias com o dinheiro do negócio e, quando elas estão à frente da empresa, as coisas são diferentes. Essas mulheres priorizam contratações femininas e, quando os negócios dão certo, investem em melhorar a educação dos filhos, o bem-estar da família e o entorno onde vivem – impactos que atingem toda a sociedade.
À frente de uma das principais empresas de vendas de joias do Brasil, Yara Machado é um exemplo desses impactos. A CEO da Céu de Prata teve o primeiro contato com as joias aos 8 anos, quando acompanhava a mãe no chão de fábrica. A matriarca veio órfã do interior da Paraíba para trabalhar em uma indústria do setor em 1990. Depois de alguns anos viu uma oportunidade de empreender e trouxe as irmãs para o ramo, saindo da empresa onde trabalhava e criando a própria loja de atacados.
Aos 28 anos, Yara comanda uma equipe com mais de 30 colaboradores e já triplicou o faturamento anual da empresa desde que chegou à chefia. Para 2022, a expectativa da marca é chegar a R$ 15 milhões em receita, cerca de 20% a mais do que em 2021, quando o ganho foi de R$ 12milhões.
Com atuação nas principais cidades do Brasil, a Céu de Prata trabalha com foco em mulheres de 18 a 45 anos com o poder aquisitivo B, C e D e já chega a 300 mil clientes. Além do próprio site, a empresa também está no Mercado Livre e tem negociado uma parceria de peso com a Amazon. Casada e mãe de dois filhos pequenos, a administradora de empresas, de seis anos, conta que uma das etapas mais importantes em sua trajetória na companhia foi a pandemia – momento em que pôde ver uma oportunidade em meio ao caos do coronavírus.
Casada e mãe de dois filhos pequenos, Yara considera a pandemia como uma das etapas mais importantes em sua trajetória na empresa – período em que também se transformou como pessoa. A situação de isolamento social fez com que muitas lojas físicas fechassem e a venda online se tornasse uma alternativa segura e eficaz para o consumidor. Nesse cenário, a marca passou a investir mais na plataforma digital, nos sistemas de entregas e no posicionamento junto ao público. Ela idealizou o sistema clique e retire, no qual o cliente pode comprar online e retirar os produtos quando quiser, presencialmente, na loja.
Assim como Yara, outras empreendedoras se encontraram em meio às dificuldades da pandemia. Dados da RME mostram que o número de empresárias aumentou 40% no último ano. De todas as donas de pequenos e médios negócios do país, cerca de 26% abriram suas empresas durante esse período.
Apesar das grandes dificuldades que as mulheres ainda enfrentam para uma justa equiparação em relação aos homens no mercado de trabalho, histórias como essa inspiram e demonstram o potencial do empreendedorismo feminino para os negócios, para as famílias e para a sociedade.
Segundo o Fórum Econômico Mundial (FMI), ainda são necessários 136 anos para que a igualdade entre homens e mulheres seja alcançada globalmente, mas Yara segue confiante no caminho. “As mulheres têm mais flexibilidade para tomar decisões e levam em conta fatores diversos, não apenas os impactos financeiros. Esse cenário permite gestões mais integradas e holísticas, que trazem resultados nos negócios, mas também qualidade de vida e engajamento para equipes e clientes. Quando uma mulher dá certo, a sociedade dá certo”, analisa ela.
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