Por Felipe Criniti, CEO da Box Delivery
Delivery é uma modalidade que já vinha em expansão, e a pandemia do novo coronavírus impulsionou diversos estabelecimentos e categorias de entregas. Algumas farmácias, por exemplo, contavam com o serviço de entrega, mas não eram ágeis, os prazos eram mais longos, mas hoje se reduziram a minutos. Os segmentos de roupas e calçados, por sua vez, nem pensavam em levar os produtos até os clientes, já que a maior procura se concentrava sempre nas lojas físicas.
Outra caraterística do delivery, em especial do food service, é o local de entrega, que não fica restrito apenas ao domicílio, mas vai para escritórios e centros comerciais destinados àqueles que não estão em home office e não querem se arriscar fazendo refeições nos estabelecimentos. Com isolamento social ou não, esse conforto vai permanecer.
A questão é: e os locais mais afastados, eles têm a mesma oferta de delivery em relação aos bairros centrais e nobres? Infelizmente, a resposta é não. Nas periferias, a oferta de entrega é mais escassa. Muitos aplicativos não cobrem essas regiões.
Uma pesquisa realizada pelos Institutos Locomotiva e Data Favela nomeado “Economia das Favelas – Renda e Consumo nas Favelas Brasileiras” evidenciou o alto potencial de consumo das regiões menos favorecidas, porém muitas vezes negligenciado. O Brasil tem 13,6 milhões de pessoas morando em comunidades, que movimentam um volume de renda maior que 20 das 27 Unidades Federativas do país. O estudo ainda aponta que a população moradora de comunidades movimenta R$ 119,8 bilhões por ano. Quando a desigualdade grita, a solução é ir para as rotas alternativas.
O comércio por intermédio do WhatsApp ganhou força nessas regiões, o que o torna atrativo inclusive para os estabelecimentos, que conseguem negociar diretamente com os clientes, eliminando as taxas cobradas pelos apps. Basta que o consumidor tenha o número de telefone da loja para conseguir receber fotos dos produtos e fazer seu pedido. Outra vantagem dessa “regionalização” é a agilidade na entrega, visto que comércio e consumidor são vizinhos.
A venda por WhatsApp ainda abre oportunidades para pequenos empreendedores, como pessoas que fazem doces em casa e por meio de grupos ou contato direto conseguem vender seus quitutes sem intermediação. Assim, a logística muitas vezes é feita de moto ou bicicleta, como nas regiões centrais, mas, nos estabelecimentos menores, o dono ou encarregado vai pessoalmente até a casa do cliente, estreitando ainda mais o laço entre as partes.
Jamais devemos subestimar os brasileiros, somos empreendedores e nos adaptamos às diversas situações. Qualquer coisa, é só chamar no ‘zap’.
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