Por Marcos Farias, CEO e sócio-fundador da Arki1
A expressão “computação em nuvem” começou a ser utilizada com mais frequência no fim dos anos 1990, mais como uma proposta do que como um serviço na época. Foi por volta de 2008 que sua utilização passou a ser mais efetiva. Hoje, é impossível imaginar o mundo sem suas facilidades: do Wi-Fi da nossa casa à inteligência artificial nos processos industriais, quase tudo tem algum conceito da nuvem. Entretanto, mesmo com toda essa popularidade, não são poucas as empresas e gestores que ainda demonstram resistência em relação a esse conceito, mesmo que a digitalização seja um caminho sem volta no ambiente corporativo.
Dessa forma, por que o cloud computing segue como desafio para essas organizações? Dois fatores podem explicar essa resistência. O primeiro deles é justamente o financeiro, ou melhor, a previsibilidade dos custos operacionais. No modelo mais tradicional, com servidores físicos, a empresa tem visão clara do investimento de utilização, mão de obra e equipamento. Isso permite melhor planejamento e adequação no orçamento da empresa. Em contrapartida, na nuvem você paga apenas pelo serviço consumido. Ou seja, o valor pode variar mês a mês, dificultando assim a previsibilidade na gestão financeira de empresas que não estiverem atentas a essa questão.
A segunda questão é cultural. Sim, a nuvem faz parte do nosso dia a dia há cerca de dez anos, mas esse modelo tradicional de aquisição completa de servidores físicos está presente há, pelo menos, meio século no ambiente corporativo. É uma barreira histórica – e principalmente psicológica – que leva um tempo para ser superada. A grande maioria dos empreendedores, portanto, ainda está acostumada com esse formato, o que faz com que diversos preconceitos sobre cloud continuem em pauta, como uma possível insegurança dos dados, instabilidade nas conexões dos sistemas, entre outros.
Foi com o surgimento das startups, já na década de 2010, que o cenário de resistência começou a mudar. Para essas empresas, a nuvem é um elemento estratégico para viabilizar a experimentação de novos serviços e modelos de negócio dada as suas características de velocidade e elasticidade para atender na medida exata aumentos ou diminuições na demanda pelos seus recursos. E o sucesso do segmento mostrou as vantagens que a tecnologia pode oferecer. Os custos, principal preocupação apontada anteriormente, ficam mais em conta porque o modelo de pagar pelo que, de fato, se utiliza garante menos desperdício de recursos. Além disso, é um modelo que impulsiona a inovação, possibilitando a criação de novos produtos e serviços na medida que diminui substancialmente a barreira de entrada para novos players.
É por isso que grandes organizações passaram a convergir do modelo tradicional para cloud computing. Hoje, de pequenos a gigantes utilizam aplicações na nuvem em seus processos. A pandemia de covid-19 apenas reafirmou essa importância: empresas que já adotavam a tecnologia sofreram menos do que aquelas que demonstravam maior resistência ao tema. Não à toa, o mercado global de serviços em nuvem pública estimava crescer 6,3% em 2020, com receita de US$ 257,9 bilhões, de acordo com o Gartner.
Em um mundo conectado e cada vez mais digital em decorrência da pandemia de covid-19, adotar a nuvem na estrutura tecnológica é questão de sobrevivência para as empresas. O mundo pede agilidade e eficiência que somente a computação em nuvem pode oferecer. Com ela, é possível montar a base para apoiar inovações ainda mais necessárias nesse tempo de incertezas que vivemos. A rotina corporativa está cheia de desafios e se a nuvem ainda é um tema a ser incorporado no cotidiano da sua organização, provavelmente seja mais que a hora de trabalhar para mudar esta realidade e encontrar formas de utilizá-la para alavancar os seus negócios.
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