Segundo uma pesquisa recém-lançada pela Forrester Consulting e encomendada pela Tableau, uma das plataformas líderes em análise de dados, há uma grande lacuna entre a demanda por profissionais com habilidades em dados e a disposição dos líderes e organizações para investir e fornecer cursos e treinamentos para os seus profissionais.
A pesquisa entrevistou líderes e funcionários de diversos países, inclusive o Brasil, para averiguar os níveis de alfabetização em dados dos funcionários das organizações de grande porte. O levantamento apontou que 82% dos líderes esperam que todos os funcionários da organização tenham noções básicas de dados.
Ao mesmo tempo, 79% dos líderes dizem que os departamentos preparam seus empregados com as habilidades de dados necessárias. No entanto, considerando o ponto de vista dos funcionários entrevistados, o cenário é diferente. Apenas 40% deles disseram ter recebido da empresa a capacitação em dados necessária para o melhor desempenho da sua função.
A alfabetização em dados contempla as habilidades usadas para extrair conhecimento e sentido dos dados. Habilidades básicas com dados incluem a capacidade analítica básica de ler dashboards, analisar tabelas, estatísticas e montar análises visuais simples. Habilidades avançadas incluem ciência de dados, IA, aprendizado de máquina (machine learning) e técnicas de análise avançadas.
Para este estudo global, a Forrester entrevistou mais de 2.000 executivos, tomadores de decisão e colaboradores individuais em 10 países, todos trabalhando em empresas globais com mais de 500 funcionários.
Muitas empresas ainda estão na retaguarda
Apesar de muito se falar na carência de profissionais com habilidades em dados, programação e TI no mercado de trabalho, esse problema raramente é confrontado de forma ampla e estruturada dentro das empresas, indica o estudo global.
Embora os líderes de negócios e funcionários concordem que as habilidades de dados são cada vez mais essenciais para entender e fazer uso da grande quantidade de dados que suas organizações produzem, essa conscientização não se traduz em investimentos em habilidades de dados.
Na verdade, quase três quartos dos tomadores de decisão acreditam que os funcionários devem melhorar suas próprias habilidades de dados por meio de conhecimento ad-hoc no trabalho, geralmente com a ajuda de colegas ou por tentativa e erro.
Apenas 39% das organizações disponibilizam o treinamento de dados para todos os funcionários, com o ônus de treinar as pessoas geralmente recaindo nos chefes de departamento ou nos níveis de equipe. Este fator é um empecilho para que as organizações realizem com sucesso a jornada data-driven, centralizando informações e explorando dados em todos os setores de forma ampla e estratégica.
De jornada data-driven para a cultura de dados
“Os tomadores de decisão do mundo inteiro já entendem que a jornada data-driven é um processo que precisa de tempo, estrutura e tecnologia”, diz Jaime Müller, Country Manager da Tableau no Brasil. “Mas o ponto principal é ter foco em promover a cultura de dados na empresa, o que significa desbloquear o poder dos dados para todos os funcionários trazerem uma visão mais estratégica e embasada, que traga benefícios aos seus departamentos. Não é a ferramenta ou tecnologia que torna a empresa data-driven, são as pessoas.”
A desconexão entre as crenças dos tomadores de decisão e a realidade que os funcionários enfrentam pode resultar em altos custos para as empresas, mas também apresenta uma oportunidade sem precedentes.
Na medida em que as empresas migram rapidamente para modelos digitais, a necessidade de insights informados só se intensificará. A alfabetização de dados — a capacidade das pessoas de entender e trabalhar com dados no grau apropriado para o seu cargo — pode ser um trampolim ou um obstáculo para a construção de uma organização orientada por dados.
Quando a organização assume a visão estratégica de promover uma cultura de dados, fornecendo capacitação e treinamentos, além de promover a otimização interna também pode melhorar o potencial de retenção de talentos.
No Brasil, habilidades em dados são as mais valorizadas
Quando perguntados sobre quais habilidades são mais importantes para o sucesso, a pesquisa global concluiu que a maioria dos líderes e funcionários entrevistados responderam que seriam as noções básicas em dados.
Entre os brasileiros entrevistados, não foi diferente: 88.5 % dos líderes disseram que esta é a habilidade que mais valorizam e 85.3 % dos funcionários entrevistados disseram que essas noções básicas em dados são as habilidades mais importantes para alavancar suas carreiras. Outras habilidades citadas em destaque para os brasileiros, em segundo e terceiro lugar, respectivamente, foram boa comunicação e computação básica.
Quando perguntados sobre quais habilidades deveriam ser aprendidas principalmente durante o trabalho, ambos os entrevistados, líderes e funcionários, colocaram noções avançadas em dados em primeiro lugar, (total de 63.7%). Outras habilidades destacadas foram pesquisa, apresentação e gerenciamento de projeto.
Sobre a pesquisa
Para este estudo, a Forrester entrevistou mais de 2.000 executivos, tomadores de decisão e colaboradores individuais em dez países, incluindo Austrália, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Cingapura, Reino Unido e Estados Unidos. Os entrevistados trabalham em empresas globais com mais de 500 funcionários. Acesse o link para o estudo completo.
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