No início de fevereiro, mais de 102,8 milhões de dados de celulares brasileiros foram expostos após vazamento da empresa PSafe. Ainda neste ano, foi detectado o megavazamento de 223 milhões de CPFs, 104 milhões de registros de veículos e 40 milhões de CNPJs. No ano passado, até o STJ (Superior Tribunal de Justiça) foi alvo de hackers.

Alguns motivos explicam por que o Brasil, terceiro país que mais sofre tentativas de ataques virtuais no mundo, não tem conseguido combater o problema, segundo o especialista em cibersegurança Marcelo de Souza da Silva, da Connectcom. “A gestão segura de dados enfrenta uma série de desafios específicos no país, que vão desde a falta de conhecimento de gestores até questões envolvendo políticas públicas”, afirma.

Ele afirma, também, que tem identificado que os ataques a órgãos de governo são sazonais, o que permite mais capacidade de previsão e, consequentemente, proteção dos sistemas. “Esses ataques são sazonais, portanto, dependendo dos eventos políticos, alguns segmentos são mais ou menos suscetíveis a ataques cibernéticos”, explica o especialista da Connectcom, empresa especializada em soluções e serviços de tecnologia.

Veja abaixo uma lista de desafios que o país enfrenta na área:

– Ações de prevenção são insípidas: gestores ainda veem prevenção como custo, não investimento

– Falta de informação: poucos casos são divulgados e quem foi alvo não admite suas falhas e não compartilha esta informação entre outros gestores (com o intuito de mitigar futuros ataques)

– O Brasil ainda carece de programas efetivos para educar a população contra golpes

– Hackers brasileiros têm alto conhecimento técnico e de processos empresariais

– Ainda há muita falha humana envolvida e tecnologia insuficiente para monitoramento e detecção de invasão de redes

– LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) ainda está engatinhando no país

– Há um mercado ilegal de dados extremamente lucrativo alimentado por empresas compradoras