Por Carlos Baptista*
Criado há quase três décadas, o termo VUCA não é de hoje mas vem sendo mais usado do que nunca. Esse ‘mundo vuca’ está diretamente associado à imprevisibilidade e à complexidade no gerenciamento do negócio e na liderança da equipe. Como não poderia deixar de ser, espera-se que o líder seja super atuante com uma capacidade quase inata de se antecipar às mudanças. A questão é que as mudanças de hoje ocorrem numa velocidade absurdamente diferente de trinta anos atrás, quando surgiu o acrônimo VUCA- Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity (Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade).
A transformação digital em uma empresa começa ‘na cabeça’ dos líderes. Ou seja, é a mentalidade inovadora, flexível e aberta do gestor que vai guiar os processos e os colaboradores para a era digital. Além de resiliência e capacidade de adaptação, características socioemocionais de máxima importância, esse líder deve ser altamente assertivo na tomada de decisões, visando sempre a melhor solução, pois essa assertividade passa segurança aos seus colaboradores e organização
Essa firmeza de postura provoca uma enorme pressão aos líderes, gerando problemas decorrentes do estresse como a Síndrome de Burnout, doença do esgotamento profissional cada vez mais comum em altos executivos. Pesquisa do International Stress Management Association (Isma) revela que o Brasil é o segundo país com os profissionais mais estressados do mundo. Com 70% da população sendo afetada, o ficamos atrás somente do Japão. Deste montante, 30% sofre com a síndrome referida.
Para que essa adaptação ao novo mundo seja facilitada, existem algumas alternativas que devem ser avaliadas:
– Proporcionar conexões: o líder precisa se conectar com o maior número possível de fontes de informação como por exemplo os seus pares em outras organizações. Essas conexões irão gerar informações preciosas para avaliar caminhos alternativos a partir da comparação e observação dos resultados alcançados por seus pares. Esse deve ser o principal propósito do networking ao invés de querer demonstrar os resultados obtidos; Assim sendo, deve exercitar a escuta ativa, ouvir mais do que falar, para coletar as informações, refletir e gerar novos insights para a sua organização;
– Fomentar um ambiente colaborativo: o gestor deve incentivar, por exemplo, a criação de grupos de discussões por parte dos seus liderados. Ao compartilhar os desafios da transformação, o líder passa a estimular aos integrantes do grupo a busca por soluções diferenciadas. Além de conseguir novas soluções para os desafios do dia a dia, também conseguirá gerar um ambiente de engajamento e colaboração;
– Adotar metodologias ágeis: a agilidade na organização ajudará a encurtar os ciclos de feedback e consequentemente se adaptar com mais facilidade ao mundo VUCA focando sempre no resultado. O business agility deve ser fomentado em todos os níveis da organização. A mentalidade ágil deve ser comum a todos e incentivada pelos líderes;
– Compartilhar estratégias e resultados: ao se alcançar resultados positivos é comum os líderes não dividirem suas conquistas. A estratégia deve ser compartilhada bem como as metas. Isso irá gerar o engajamento na busca pelo resultado por parte de toda a organização. A utilização de metodologias como OKR ajuda na inclusão dos profissionais empoderando-os na busca por soluções. Desse modo todos estarão juntos no mesmo propósito.
Esse novo modelo de liderança substituiu aquele líder tradicional que ‘tinha que saber tudo’ e sempre acertar por outro modelo muito mais inclusivo e criativo que, na verdade, lidera pelo empoderamento da equipe. Quanto mais a equipe for preparada para a autogestão e protagonismo, mais assertivo o líder será e consequentemente melhor será o resultado.
* – Carlos Baptista é especialista em transformação digital e processos ágeis para as empresas. Professor e Coordenador do núcleo de seleção de alunos do MBA da FIAP. É empresário, consultor de negócios e mentor. Possui mais de 30 anos de experiência em TI no Brasil e Portugal.
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