Por Alexandre Quinze
Entre as principais tendências do mercado de tecnologia para 2021 está a retomada por empresas que oferecem o “pacote completo”, aquele modelo das plataformas consolidadoras que unificam os serviços e produtos. Esse é um apontamento feito, inclusive, por um recente estudo publicado pela Exame Academy, em parceria com a ACE Startups.
E o que podemos refletir sobre essa movimentação? Em primeiro lugar, chamo a atenção para a necessidade das empresas se atentarem sobre reunir soluções que realmente possuam alta performance. Esse é um fator imprescindível para o sucesso dentro deste modelo de negócios.
Ressalto o conceito do hub da Trutec, por exemplo, que nasce para atender o ciclo de vida completo das edificações. Entretanto, nenhuma startup sobrevive pensando em resolver todos os problemas ao mesmo tempo. Elas precisam ser específicas e focar em poucos e significativos problemas. Por isso, a Trutec consegue aliar diferentes soluções de startups em uma só proposta, muito mais empática em uma leitura desse “full packet” de soluções.
É fundamental prover aos clientes a segurança para transitar em uma plataforma como essa. Gosto muito de focar na segurança porque é fundamental para o gestor compreender a responsabilidade que se deve ter quando se oferta um sistema 360°. Sendo assim, apenas conduzir as questões a diferentes fornecedores é totalmente ineficaz e incoerente.
O case da Amazon é uma referência quando se trata de inserir diferentes canais de distribuição. Uma proposta complexa de relação com a inteligência artificial, pois não se trata apenas de um case de CRM, mas sim de uma plataforma que oferece funcionalidade. É um exemplo de inovação alicerçada pela produtividade. É assim que tem que ser. Inovar requer uma criteriosa avaliação em relação à eficiência.
Para se tornar disruptivo como a Amazon, é preciso estar atento às oportunidades. Recentemente, a empresa anunciou, por exemplo, investimentos em tecnologia de realidade aumentada (R.A.), que permite a interação entre objetos virtuais e reais. Sabemos que R.A. não é em si uma novidade, mas o que a Amazon promete fazer, aí sim podemos considerar como uma grande expertise em inovação. A plataforma promete reduzir o custo dessa tecnologia, tornando-a mais acessível.
Outro movimento da companhia, anunciado recentemente para o consumidor norte-americano, é o Dash Button, um sistema revolucionário que funciona por meio de botões autoadesivos vendidos nas lojas e que representam as marcas e os produtos. O sistema será instalado na casa do consumidor, afixado em um local de preferência do mesmo e conectado a uma rede wi-fi habilitada para se conectar à smartphones com a interação do aplicativo da Amazon. Essas e outras ações da empresa nos mostram o quanto a inovação deve estar totalmente interligada à produtividade. Não se trata de criar algo totalmente novo, mas de utilizar um recurso aumentando consideravelmente sua eficiência.
A Amazon é, sem dúvidas, um exemplo que precisa ser observado e seguido por empresas que pretendem iniciar suas projeções no mercado de “pacotes completos”. E para ter um desempenho qualificado dentro desse formato, é totalmente necessário compreender que a complexidade deve começar de dentro para fora.
O que quero dizer com isso é que assim como a Trutec e a Amazon, é fundamental atender diretamente qualquer dor que o consumidor apresentar. Dentro desse movimento, não há como desvincular a responsabilidade da servitização. Isto é, se faz obrigatório assumir o atendimento direto sem repassá-lo para os fornecedores em questão, afinal, é justamente esse ambiente colaborativo e empático que o consumidor espera ao aderir um serviço em um ambiente como esse.
Um recente estudo apresentado pela McKinsey & Company, a renomada consultoria empresarial americana, apontou as sete tendências pós-pandemia e entre elas trago a reflexão sobre a “Intensa disrupção nos negócios e no comportamento do consumidor”. O estudo explica que as mudanças nos padrões de consumo e nos modos de trabalho tendem a ser intensas e rápidas. Sendo assim, mesmo os shares de mercado atuais devem sofrer intensas mudanças. Negócios que demonstraram maior resiliência devem ganhar mercado, tomando espaço dos concorrentes menos ágeis.
E sabe o que a resiliência tem a ver com esses “full packets” tecnológicos? Empresas resilientes adaptam suas operações e adequam sua proposta de valor às necessidades atuais dos consumidores, abrindo novos canais de vendas e um imponente canal de relacionamento. É para este caminho que direcionamos nossas estratégias.
Assim como diz Peter Ducker “Todas as inovações eficazes são supreendentemente simples”. E completo com o seguinte pensamento: “É justamente essa simplicidade que cria a eficiência de alto desempenho”.
* Alexandre Quinze é o executivo de Tecnologia da Informação da Vedacit, co-founder e CEO da TruTec. Formado em Engenharia pela Universidade de São Paulo (USP), com especializações em Supply Chain, na Universidade da Califórnia, em Inovação Tecnológica, na Universidade Estadual de Campinas, e MBA em Administração, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), instituição na qual é professor há mais de 11 anos. Possui sólida experiência, com mais de 30 anos, em empresas nacionais e internacionais de grande porte, como Philips, Rimini Street, PwC Brasil, CBMM e Flextronics Internacional.
Comentários