A coleta, o monitoramento e a análise credíveis de dados são imperativos à medida que se adota novas tecnologias, como inteligência artificial, para ajudar a combate fraudes virtuais e crimes cibernéticos durante a crise da covid-19. Essa é a visão de Myla Pilão, Director for Technical Marketing da Trend Micro, empresa líder global em cibersegurança. A especialista afirma que por meio de um grande conjunto de dados, algoritmos podem ser definidos para aprender e gerar novas descobertas relacionadas à ameaças no ambiente cibernético.
“Até certo ponto, vimos como a Inteligência Artificial e o aprendizado de máquina têm sido usados para coletar informações e ser capaz de digerir esses dados de maneira que se relaciona no combate a fraudes digitais para a população durante a pandemia”, afirma Myla. A executiva avalia porém que certos desafio enfrentados limitam as organizações a adotar completamente essas tecnologias, além da necessidade agravada de fornecer as informações com senso de urgência. Dentre alguns exemplos estão a capacidade de acesso aos dados em razão da privacidade, e também a contaminação das informações pela forma como essas são processadas ou armazenadas.
A especialista, que também é responsável por liderar a divisão de monitoramento de ameaças de segurança na Trend Micro, avaliou que muitas ocorrências relacionadas a fraudes de e-mails corporativos, além de incidências em transações financeiras e em comércios eletrônicos foram detectadas desde o início da crise da covid-19. “Em grande parte, 95% dos ataques relacionados à pandemia estão usando predominantemente mensagens de spam e técnicas de phishing como porta de entrada”, afirma.
Pela ótica das fraudes relacionadas às compras em lojas virtuais, Myla ressalta que naturalmente há maior incidência uma vez que o volume de pedidos no comércio eletrônico cresce em razão dos distanciamento social imposto para conter o surto do novo coronavírus. “Esse cenário deu origem à oportunidade de usar sites fraudulentos para interceptar algumas dessas transações”, aponta. A especialista diz que o Brasil figurou na lista dos 30 maiores países que a Trend Micro detectou como alvo de endereços de páginas na internet (URLs) com tráfego malicioso desde o início da crise.
Além disso, a executiva da Trend Micro destacou ainda que a crise gerou outras oportunidades para falsários lucrarem em ambientes cibernéticos. Myla mencionou uma recente pesquisa feita pela companhia que detalhou as condições do mercado conhecido como underground. “O que é notável é que o leque de negociações nesse mercado permanece inalterado nos últimos anos. No entanto, o comércio de exploração de terminais de vendas por cartão (POS na sigla em inglês) e informações de cartão de crédito roubadas permanecem parte das quatro principais ofertas mais populares no mercado underground de ciberataques”, afirma.
A especialista ressaltou também que os criminosos obtiveram lucro ilegal às custas dos consumidores e das organizações durante a crise da covid-19. Dentre alguns mecanismos detectados estão o roubo de credenciais em plataformas de streaming de vídeo e de jogos, o uso de extorsão digital por meio de técnicas de ransomware, e também fraudes relacionadas à pedidos de doações para a pandemia e em auxílios financeiros emergenciais pagos por autoridades de governo para a população. “Isso é exclusivo para a crise atual. Ou seja, não vimos isso ser usado no passado”, destaca Myla.
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